quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Só quero um livro na mesinha de cabeceira

Entrar no quarto. Apagar todas as luzes. Guardar uma vela que ilumina. Deixar a roupa deslizar pelo corpo até cair levemente. Enfrentar a nudez harmoniosa. Olhar pelo canto da janela. Ouvir a Lua a segredar. Sentir a energia das estrelas. Observar as cortinas a tremer. Deitei-me em cima dos cobertores. Imaginei a pintura gravada na parede à minha frente. Liguei a aparelhagem. Suavemente fui ouvindo o ritmo que me envolvia. Rasguei o ar com brutalidade. Apareceste. As mãos falaram por si, num só toque. Abraçamo-nos no colchão. Desviaste-me o cabelo. Pintaste a minha personalidade e sorriste. Dei-te um beijo. Percebi que aquele tinha sido o nosso momento. Deitamo-nos de mansinho. Muito próximos. Muito cúmplices. Sentimos o virar de uma página. Ficamos ali. Simplesmente. A vela desvaneceu.

Ter um livro na mesinha de cabeceira, qualquer um o pode ter. Saber lê-lo, não é para todos. Ir virando as páginas tranquilamente é difícil, mas assim se aprende a viver.

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