terça-feira, 29 de março de 2011

Sentou-se nas escadas ao pé da porta da rua. Só o fez porque aquela casa já não tinha o mesmo sabor. Tirou do bolso do casaco um  maço de tabaco e acendeu o primeiro cigarro. De cigarro para cigarro ia passando de memória em memória. Aquelas que perduram sempre, mesmo quando as tentamos expulsar. E os cigarros não resolvem. Apagou o cigarro com a sola do sapato. Com força. Talvez com raiva. Mesmo sentado conseguia deambular sem saber onde pertencia. "era um uisque, por favor", era a única frase que lhe apetecia dizer. E depois do primeiro, deixou de estar só, naquela solidão assustadora, à porta da casa cuja chave já não entrava na fechadura. Simplesmente não podia.

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