tag:blogger.com,1999:blog-29315426.post1196963405896457066..comments2023-07-03T11:03:55.250+00:00Comments on frases: EncontrosHelenitahttp://www.blogger.com/profile/08848085704234381776noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-29315426.post-24403663813300568932010-10-11T20:40:11.260+00:002010-10-11T20:40:11.260+00:00o que eu estava procurando, obrigadoo que eu estava procurando, obrigadoAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-29315426.post-54854065077487134562009-07-29T16:43:20.605+00:002009-07-29T16:43:20.605+00:00(... continuação)
- Marilia... – continuou ele – ...(... continuação)<br /><br />- Marilia... – continuou ele – despareceu por completo, acredite... – e colocou-lhe o espelho defronte do rosto – veja por si mesma, veja ... nem um arranhão.<br />A enfermeira levou as mãos à cabeça, aflita.<br />- Doutor... – ainda tentou, mas a voz morreu-lhe na garganta.<br />Marilia segurou o espelho que o médico lhe colocara nas mãos.<br />Queria acreditar. Fez um esforço enorme, como se todo o seu ser pudesse vergar o tempo à sua vontade... e fazê-lo recuar até àquela noite fatídica... mas infelizmente, tal não seria possível. Assim, limitou-se a presentear o médico com o melhor dos sorrisos.<br />- Eu bem que gostava, doutor... eu bem que gostava...<br />Por mais que tentasse ... nunca o conseguiria. No principio, ainda acalentara esperanças, os médicos repetiam vezes sem conta que a cegueira seria temporária, talvez um nervo magoado, nada de muito grave.<br />No seu íntimo, sempre soube que seria definitivo.<br />O rosto podia recuperar a beleza de tempos idos, o corpo recuperaria certamente de todas as mazelas, mas o resto...<br />Continuou a segurar o espelho, a imagem refletida.<br />- Ao menos – murmurou – que esteja bela para os outros...entremareshttp://entremares.blogs.sapo.ptnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-29315426.post-4610273947839005542009-07-29T16:42:49.884+00:002009-07-29T16:42:49.884+00:00- É hoje ?
- É hoje Marilia, é sim... mas tem a ce...- É hoje ?<br />- É hoje Marilia, é sim... mas tem a certeza do que pretende fazer ?<br />- Certeza ? ... Acha mesmo que estou em posição de poder ter certezas ?<br />E enquanto dizia isto, sorria.<br />Tinha um sorriso bonito, era o que todos diziam. Um sorriso bonito, lábios cor de morango, um nariz esguio e olhos de um violeta raro. A cabeleira, longa e cinzenta, emoldurava um rosto sereno, simétrico, pacífico até.<br />Era dificil definir aquele rosto, para além da sua mais que evidente beleza. Transparecia uma energia cativante, uma aura de simpatia que nem mesmo a terrível cicatriz que o rasgava de lado a lado conseguia ocultar.<br />No auge da juventude, um improvável acidente de viação deitara tudo a perder; o resultado mais evidente fora precisamente aquela cicatriz, que lhe rasgava a face quase de lado a lado.<br />As feridas do corpo saram sempre mais depressa que as da alma – dizia ela. E com razão.<br />Os medos, os pesadelos, a insegurança... esses iriam permanecer durante muito tempo, mesmo que a cirurgia plástica conseguisse devolver a beleza original ao seu rosto.<br />Para a alma... só o bálsamo do tempo.<br />Tempo... muito mais tempo do que aquele que já passara, quase um ano em hospitais, a sarar o corpo das mazelas daquela noite fatídica, onde uma alegre festa de aniversário se transformara num calvário doloroso.<br />Mas a vida era isso mesmo... um sopro de instantes imprevisíveis.<br />A enfermeira apertou-lhe a mão, carinhosamente.<br />- Marilia... sabe que não precisa de fazer isto...<br />- Sei sim,Joana... mas mesmo assim... vou fazê-lo... eu preciso.<br />Retribuiu-lhe o gesto de afecto, enquanto se deitava na maca.<br />Chegara finalmente o dia.<br />Dali a pouco, um cirurgião pegaria nela e devolver-lhe-ia o seu rosto.<br />E, com o rosto, um pedaço da alma voltaria também.<br />- Eu fico aqui à espera – ainda repetiu baixinho a enfermeira, enquanto ia empurrando a maca ao longo do corredor, em direcção ao bloco operatório.<br />A porta envidraçada abriu-se e um outro enfermeiro veio apanhá-la.<br />Acenou-lhe uma última vez.<br />- Eu fico aqui... prometo.<br /> <br />Segunda-feira. Um dia auspicioso.<br />Uma nova semana, quem sabia senão uma nova vida também... um novo ciclo.<br />No quarto número 12 do hospital, reinava o silêncio.<br />A enfermeira Joana lançou um olhar esperançoso ao médico, um cirurgião ainda muito jovem. Ele sorriu-lhe, animado.<br />- Então, Marilia... vamos a isso ? – e o médico aproximou-se dela.<br />Marilia continuava sentada na berma da cama, as mãos a apertar com força o cobertor branco. A face, completamente oculta por ligaduras, não permitia vislumbrar a ansiedade que lhe assaltava a alma. Só um leve tremor dos dedos denunciava a angústia que lhe queimava as entranhas. Baixou a cabeça, numa concordância muda.<br />Joana, a enfermeira, aproximou-se também e, com todo o cuidado possível, começou a desenrolar a comprida ligadura que cobria por compelto o rosto.<br />Aqueles segundos – como era possível ? – eram a parte mais dolorosa...<br />Finalmente... a última volta...<br />A expressão de vitória do médico espelhava o sucesso da operação.<br />O rosto de Marilia, límpido e tranquilo, não exibia nenhuma recordação da cicatriz que, até há poucos dias atrás, o desfeara de forma tão atroz.<br />A enfermeira levou a mão aos lábios, contendo um esgar de admiração – que rosto lindo.<br />- E então... – murmurou Marilia, a voz a tremer-lhe de emoção - ... como estou ?<br />A enfermeira tomou-lhe as mãos e fê-las tocar o rosto, agora já livre das ligaduras.<br />- Marília... o seu rosto... está lindo... tem o seu rosto de volta.... eu sabia que tudo iria correr bem...<br />Ela percorreu o rosto com as mãos; a boca, o nariz, os olhos, a testa... todos os pequenos recantos antes interrompidos pelas marcas do acidente... haviam desaparecido.<br />- A cicatriz... – gaguejou ela, a voz trémula - ... desapareceu ? A sério ?<br />- Completamente, Marilia... – e o médico regojizava - ... é como se nunca tivesse tido aquele acidente...<br />Marilia sorriu, feliz.<br />O médico, esfusiante de alegria, correu até à mesa de cabeceira, pegando no espelho que ali se encontrava.<br /><br />(continua...)entremareshttp://entremares.blogs.sapo.ptnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-29315426.post-22291027982645670252009-07-24T01:52:05.100+00:002009-07-24T01:52:05.100+00:00wow, realmente retrata bastante a fotografia. O te...wow, realmente retrata bastante a fotografia. O texto está espectacular, parabéns e continua :)_-caty-_noreply@blogger.com